Cultura afro

Feiras, dança, música e gastronomia exaltam a história africana no Rio

Por Bruna Velon

Região Portuária, Lapa, Praça da Bandeira, Madureira são apenas alguns dos lugares que preservam histórias e tradições culturais africanas, com ritmos, danças e sabores que formaram as raízes do Rio e do Brasil. Para celebrar o 20 de novembro, dia da Consciência Negra, criamos este roteiro cheio de axé para reverenciar nossa cultura.

Aulas de dança

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Na Fundição Progresso, Lapa, a dançarina Aline Valentim, que também faz parte do grupo Rio Maracatu, dá aulas de dança afro baseadas em três referencias principais: movimentos inspirados nos Orixás, danças populares brasileiras e danças africanas com música tocada ao vivo. As aulas incluem também exercícios de consciência corporal, alongamento, momentos de expressão individual e troca coletiva. A mensalidade custa R$ 120 (1x na semana) ou R$ 170,00 (2x na semana). Outra opção é a oficina de AfroFunk, que pesquisa diferentes vertentes de danças diaspóricas, ancestrais e contemporâneas com o slogan “Da África ao Funk o corpo é livre, o corpo é festa“. As aulas custam R$110 por mês ou R$35 a aula avulsa.

Feira das Yabás

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Roda de samba, que não poderia faltar, é claro, e gastronomia afro-brasileira são os atrativos desta feira que acontece todo segundo domingo do mês, das 13h às 19h, na Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz. São 16 barracas, comandadas pelas matriarcas das famílias mais importantes e tradicionais da região, que não deixam a culinária negra carioca cair no esquecimento. Como representante da Velha Guarda da Portela, está Tia Surica que prepara mocotó e aipim com carne-seca. Neide Santana serve feijoada de camarão, angu à baiana e feijão amigo, e Dona Neném, a mais velha das tias, prepara rabada com batata, angu e bolinho de abóbora recheado com carne-seca, entre outros delícias.

As rodas de samba são comandadas por Marquinhos de Oswaldo Cruz e trazem um ou mais convidados por edição. Para Marquinhos, a feira tem um significado especial: "Traz a lembrança de todo o aprendizado sobre música que tive nos quintais das mulheres de Oswaldo Cruz. No meu caso, na casa da Tia Doca e da Tia Surica, que sempre tinha comida embalada pelo samba.

Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana

RIOTUR

Durante o período de obras do Porto Maravilha, as escavações revelaram diversas histórias sobre a formação da sociedade brasileira. Os achados arqueológicos na região da Saúde, Gamboa e Santo Cristo motivaram a criação do Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana, com seis pontos principais de visitação. O sítio arqueológico do Cais do Valongo, por onde chegaram mais de 500 mil africanos, hoje está conservado e concorre a Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. No sopé do belíssimo Morro da Conceição, fica a Pedra do Sal (foto), foi ponto de resistência, celebração e encontro dos escravos, e que até hoje é uma referência cultural no Rio, com roda de samba às segundas. Outros pontos de interesse são o Cemitério dos Pretos Novos, Largo do Depósito, Jardim Suspenso do Valongo e o Centro Cultural José Bonifácio.

Quem quiser fazer uma visita guiada, o Instituto de Pesquisa e Memória dos Pretos Novos (IPN), com apoio da Cdurp, oferece um passeio gratuito por todo o circuito com duas horas e meia de duração. Confira as datas, horários e contatos no site do Porto Maravilha (link).

Dida Bar

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Na Praça da Bandeira, um pólo da boa comida na cidade, fica este bar e restaurante onde encontra-se boas referências da cozinha africana, que inspirou grande parte da cultura gastronômica do Rio. A casa capitaneada por Dida e seus filhos - o bom tempero passa de geração em geração - realiza todo terceiro sábado do mês o AfroDida Gastronomia Africana, evento que a cada edição homenageia um país africano com receitas especiais e atrações musicais. Entre as opções do cardápio fixo, experimente a empada baianinha, com massa de dendê e camarão ao leite de coco (R$ 13 a unidade) e o bolinho de bobó de camarão (R$ 24,00 - 4 unidades). As refeições são muito bem servidas - experimente as tradicionais tajines - e a cerveja sempre bem gelada.

  • Site: https://www.facebook.com/didabarerestaurante
  • Endereço : Rua Barão de Iguatemi, 408, Praça da Bandeira
  • Telefone : (21) 2504-0841
  • Horário: Dom 12:00 às 20:00, Seg 12:00 às 00:00, Ter 16:00 às 00:00, Qua 16:00 às 00:00, Qui 12:00 às 00:00, Sex 12:00 às 00:00, Sab 12:00 às 00:00

Casa do Jongo

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O centro cultural dedicado ao Jongo, manifestação cultural de matriz africana reconhecida como Patrimônio Cultural Nacional, em ritmo de dança e tambores, tem dois mil metros quadrados e está localizado no pé do Morro da Serrinha, em Madureira. Sua origem está ligada à presença de africanos de origem Bantu, de Angola, trazidos para o trabalho escravo, nas fazendas de café e cana de açúcar do sudeste brasileiro. O espaço conta com cineclube, galerias, salas de dança, estúdio musical, escola de artes e horta comunitária, além de ambiente para rezas e terreiro para jongo e capoeira.Na década de 70, preocupados com a extinção do jongo na cidade do Rio moradores da Serrinha criaram o grupo musical “Jongo da Serrinha”, ensinando crianças a praticar o jongo e inovando em termos musicais introduzindo harmonia em seus arranjos.Um belo centro de resistência da cultura popular no Rio.