Rodas de Choro

Músico Tiago Prata elenca praças e botequins para apreciar o gênero musical no Rio

Por Bruna Velon

Dos nobres salões às esquinas da cidade, nos botequins, nas praças, fez-se o choro, o gênero musical brasileiríssimo, natural aqui do Rio de Janeiro, que é celebrado nacionalmente em 23 de abril. A data rende homenagem ao nascimento do compositor, orquestrador, flautista e saxofonista Pixinguinha (“Ah, se tu soubesses como sou tão carinhoso...”), que faria 120 anos em 2017.  Para ser cultuado o ano inteiro, o músico Tiago Prata (cavaquinista e violonista de 7 cordas), presente em muitas das boas rodas musicais do Rio de Janeiro, criou um roteiro das praças e bares onde os chorões se encontram semanalmente, perpetuando esta tradição.

"O choro continua como figura essencial na nossa cidade, em cada canto há uma roda de choro. Selecionei apenas cinco das dezenas de rodas que acontecem todos os dias no Rio de Janeiro. Parodiando o sambista Monarco, 'Se eu for falar de roda de choro, hoje eu não vou terminar', diz Pratinha, como é conhecido no meio, que aconselha: "Os encontros são de graça, mas é sempre bom dar aquela força no chapéu que rola para pagar os músicos".

Choro da Glória

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O Choro da Glória acontece toda quarta-feira

"Essa é a roda de choro perfeita para quem sai do trabalho na quarta-feira e quer fazer alguma coisa antes de ir pra casa, antes de ver o futebol ou até mesmo antes de ir para alguma noitada. Surgida em 2014, começou, como quase todas as rodas de choro do Rio de Janeiro, de maneira informal, apenas para juntar os amigos músicos que moram ali pela região da Glória, Catete e Centro. A coisa foi crescendo, o clima foi ficando bom e hoje a roda tem um time fixo que faz o Boteco Pé de Santa ficar lotado toda semana. Os músicos que seguram a base são Anderson Balbueno (pandeiro),  Bernardo Diniz (cavaco), Diego Terra (sax), Lucas Porto (violão de 7), Pedro Barros (violão de 6) e  Rodrigo Milek (Clarinete). As canjas de outros músicos, um princípio básico das rodas de choro, são certas. Chorões de todo o mundo passam por lá. Japão, Argentina, Inglaterra e Estados Unidos são alguns dos países que já importaram músicos ao Choro da Glória".

Boteco Pé de Santa: Rua Benjamin Constant, 104 - Glória, Rio de Janeiro.
Quando: Toda quarta, das 19h às 22h.
Grátis. 

Bandão da Escola Portátil

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Escola de Música Portátil: choro todos os sábados, na Urca

"Ao final das aulas matutinas da Escola Portátil de Música, um projeto maravilhoso do Instituto do Choro, que há mais de quinze anos forma gerações de músicos e plateias para o gênero, os alunos se reúnem numa enorme roda de choro para colocar em prática o que lhes foi ensinado pelos professores de cada instrumento. O que seria apenas mais uma atividade pedagógica virou uma das mais prazerosas atrações da cidade nas manhãs de sábado. O local, o pátio aconchegante da UNIRIO, aos pés do Morro da Urca,  casa perfeitamente com o clima do bandão. São aprendizes e profissionais que têm o privilégio de terem como professores alguns dos maiores músicos do Brasil: Luciana Rabello, Maurício Carrilho, Pedro Amorim, Oscar Bolão, Jorginho do Pandeiro, Cristovão Bastos e vários outros,  que tocam nos maiores teatros do mundo e, também, nos  botequins mais vagabundos do Rio de Janeiro.

O Instituto do Choro é responsável também pela Casa do Choro, que fica na Rua da Carioca, 38, Centro do Rio. Um casarão totalmente destinado à divulgação, pesquisa e encontro dos amantes do choro. Vale a visita também".

Campus da UNIRIO :  Av Pasteur, 436 - Urca, Rio de Janeiro.
Quando: Sábados, a partir de meio-dia.
Grátis. 

Bip-Bip

RIOTUR
Bip-bip: um dos bares mais tradicionais de Copacabana

"O Bip, como é carinhosamente chamado, é um dos bares musicais mais famosos do Brasil.  Lá, você se sente em casa, tanto é que é você mesmo quem pega a cerveja na geladeira ou a cachaça no balcão. Comandado pelo querido Alfredinho - que de primeira pode até dar medo, mas é de um coração enorme -, o bar em Copacabana é um ponto certo para quem quer curtir uma boa música quase todos os dias da semana, e de graça.

 O choro por lá começou ainda no século passado, por volta de 1996. Durante muitos anos, a roda acontecia toda terça-feira. Mas, de uns tempos pra cá, devido ao aumento considerável do número de pessoas tocando choro, ganhou mais um dia e ocupa também as segundas-feiras desse pequeno bar de 18m². Possivelmente, todos os chorões do Rio de Janeiro já passaram pelo Bip algum dia.

Não há grupo fixo e, em alguns dias, podem até faltar músicos e a roda ficar prejudicada, mas isso não tem sido a regra ultimamente. Lá, os músicos vão para tocar por prazer mesmo, tanto é que não ganham nada e, inclusive, pagam suas próprias contas. Por isso, o respeito a quem está tocando é cláusula pétrea e quem falar alto perto da roda pode tomar um esporro carinhoso do Alfredinho.

Na quarta-feira ainda tem Bossa-Nova; quinta, sexta e domingo, samba; e sábado é destinado a conversas sobre política, lançamentos de discos e livros, cineclube..."

Bip-Bip: Rua Almirante Gonçalves,  50 - Copacabana , Rio de Janeiro.
Quando: Segundas e terças, a partir das 21h.
Grátis.

Grupo Grapiúna

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Fuska Bar 2.0, no Humaitá: roda de choro aos domingos com o grupo Grapiúna

"Um dos botecos mais clássicos s e pé-sujos da divisa entre Botafogo e Humaitá, o Fuska Bar (agora turbinado com um 2.0 depois do nome), é um total contraste ao vizinho famoso, o Bar Plebeu. De uns tempos pra cá, o Fuska deixou de ser apenas um pé-sujo com a cerveja mais barata do quarteirão e passou a ser um ponto de rodas de samba e choro, juntando bastante gente na esquina da Capitão Salomão com Visconde Caravelas.

O Conjunto Grapiúna é o anfitrião aos domingos, sempre das 19h às 22h. Formado pelos jovens Pablo Abdelhay (Flauta), Marcos Tannuri (cavaquinho), Fernando Mattoso (violão 7) e Nelson Leo (pandeiro), o Grapiúna não abre mão da tradição das rodas e sempre recebe outros músicos amigos que chegam para tocar juntos".

Fuska Bar: Rua Capitão Salomão, 52 - Humaitá, Rio de Janeiro.
Aos domingos, das 19h às 22h.
Grátis.

Choro 100% Suburbano

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Entre as melhores rodas do choro do Rio de Janeiro, o Choro 100% Suburbano

"Em 2011, surgiu no bairro de Olaria o Movimento Cultural 100% Suburbano, que elegeu o choro como meio para valorizar a cultura local, resgatando sua história e a educação musical na formação cidadã. O Reduto Pixinguinha, uma praça muito agradável, fica a poucos metros da casa onde o mestre homônimo morou durante anos. Inclusive, nesta casa, Walter Firmo tirou a famosa foto de 'Pixinga' relaxando na cadeira de balanço. Grandes figuras históricas do gênero, principalmente, ligadas ao subúrbio carioca, são presenças frequentes no local. Um deles é o  Zé da Velha, considerado o maior trombonista do choro e que tocou muito tempo com Pixinguinha. Para acompanhar, há feijoada e bebidas a preços módicos". 

Nesta casa, Walter Firmo tirou a famosa foto de Pixinga relaxando na cadeira de balanço.
Reduto Pixinguinha: Praça Ramos Figueira, S/N - Olaria, Rio de Janeiro.
Todo terceiro domingo do mês, a partir das 12h .
Grátis.

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