Há alguns anos recomendar bares em comunidades do Rio poderia ser algo inimaginável. Os frequentadores acabavam sendo apenas os próprios moradores. No entanto, a pacificação de alguns morros fez com que os cariocas perdessem o receio de subir em busca dessas delícias. Chapéu Mangueira, Morro dos Prazeres, Santo Cristo e até Complexo do Alemão abrigam verdadeiros tesouros feitos por cozinheiros de mão cheia. Coloque o tênis, recupere o fôlego e suba em busca destes que são os cinco melhores bares das favelas o Rio.
Pagode e cerveja gelada e barata faz parte do cenário de grande parte dos bares em comunidades cariocas. Mas não nesta casa fundada em 2013 em pleno Complexo do Alemão. Diferentemente de seus pares, por lá uma bem completa carta que conta com 300 rótulos entre nacionais e importadas. Uma vez na casa, é obrigatório provar a cerveja que traz o nome da comunidade, uma lager feita exclusivamente para lá (R$18 - 600 mililitros). Faz companhia perfeita para os bolinhos de feijoada, rabada ou arroz (R$ 6 - unidade).
É preciso ter fôlego. Afinal de contas são mais de 250 degraus após a subida da ladeira Ary Barroso - esta parte pode ser feita de táxi ou mototáxi. Mas acredite: a vista que se tem da orla do Leme a Copacabana é simplesmente de tirar o pouco ar que ainda restou. E neste cenário impressionante é possível degustar as criações de Rubens Zerbinato, o Pituca. São petiscos criativos a exemplo do Harumaki de Feijoada (R$25 - seis unidades) ou de pratos muito bem feitos como o Bobó de Camarão VG (R$75). O chef, que já trabalhou em casas como Le Pré Catelan e Bar do Lado se arrisca ainda como barman. Não deixe de provar o caipichop de maçã verde (R$ 24).
Outra casa onde o preparo físico se faz necessário. Trata-se de uma boa caminhada pelas ruelas e becos do pacificado Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Mas ao chegar perto o cheirinho inebriante das churrasqueiras já atiçam o estômago. E a alegria se torna ainda maior com a vista para cartões postais da cidade como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Acomodado, peça logo o carro-chefe: o mistão feito pela família Santana (R$ 150). A pedida que serve com tranquilidade até cinco pessoas traz frango no bafo, costela suína, carne de sol, linguiça e queijo de coalho além de arroz, feijão, farofa e feijão tropeiro. Antarctica Original gelada acompanha (R$ 10 - 600 mililitros).
Ao chegar por lá é impossível ficar indiferente à simpatia de Omar Monteiro, que bate ponto sempre no bar que leva seu nome. Na laje, além de comer e beber as delícias da casa, é possível apreciar a vista da Zona Portuária do Rio. Logo ao sentar sua primeira pedida tem de ser o Omaracujá, uma deliciosa batida da fruta com cachaça (R$5). Se preferir uma cervejinha, Heineken, Original, Bohemia, Serramalte ou Amstel estão sempre bem geladas (R$11 - 600 mililitros). Mate a fome com os bolinhos especiais da casa: linguiça toscana com jiló, abóbora com carne-seca, feijoada ou aipim com camarão (R$ 19 - seis unidades). Atenção: aos sábados a casa serve moqueca de namorado ou cherne para duas pessoas por R$ 58.
"Ô, meu Rei!". A saudação indefectível de David Bispo é dada para todos que ocupam as mesas espalhadas pela calçada deste bar no alto do Chapéu Mangueira. Ex-pescador, é do mar que sai boa parte dos insumos para os pratos servidos por lá. É o caso da feijoada de frutos do mar, feita com feijão branco, polvo, lula, camarão, peixe e mexilhão (R$39,90). Mas vale a visita também o Estrela de David, uma porção de costelinha de porco ladeada por geleia de abacaxi, hortelã e pimenta (R$ 29,90). Para beber, Antarctica Original sempre muito gelada (R$ 10,50 - 600 mililitros) ou as famosas caipirinhas (R$ 16). A de tangerina com gengibre é uma delícia, mas os fãs de drinques doces podem provar a caipimaltine feita com, obviamente, Ovomaltine.
